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Texto adaptado de Superinteressante, por Carol Castro

Os bebês sabem mesmo como aproveitar a vida, guardando apenas as boas memórias. Já as memórias ruins são logo descartadas – muitas vezes, nem são memorizadas por eles, abrindo espaço para que apenas as lembranças felizes fiquem “gravadas”. Se você tinha dúvidas se os bebês são capazes de lembrar o que aconteceu no dia anterior, sabia que, pelo menos, os bons momentos ficam na memória deles.

É o que descobriram alguns cientistas da Universidade Brigham Young, nos Estados Unidos. Para saber se bebês de cinco meses se lembram ou não de alguma coisa, os pesquisadores mostraram imagens (desconhecidas e familiares) e gravaram vídeos para calcular por quanto tempo os pequenos mantinham os olhos nelas. Em geral, eles prestam mais atenção às novidades. O que já é conhecido não tem muita graça e, por isso, eles gastam pouco tempo atento àquilo.

Em seguida, os pesquisadores colocaram os bebês em salas fechadas, acompanhados apenas por uma tela de computador. Nela aparecia uma pessoa falando com uma voz feliz, ora neutra ou então brava. E após cada depoimento, surgia uma forma geométrica na tela. Cinco minutos depois, os pesquisadores mostraram novamente os desenhos. Mas incluíram alguns formatos novos. No dia seguinte, refizeram o teste.

E confirmaram: os bebês realmente têm mais interesse em coisas novas, mas eles só se lembram delas quando vêm acompanhadas por uma memória positiva. Em outras palavras, os bebês dessa idade são mais propensos a recordar algo se houver uma emoção positiva envolvida.

Ao mostrar, lado a lado, um desenho novo e outro familiar os bebês mantinham mais os olhos na novidade. Mas isso só acontecia quando a imagem vinha carregada de boas lembranças (do homem feliz falando com ele). Aí eles pareciam se lembrar – e perder o interesse. Quando o desenho, no dia anterior, havia sido acompanhado por um depoimento bravo ou neutro, eles pareciam apagá-lo da memória. Nesses casos, passavam o mesmo tempo olhando para os dois desenhos – o novo e o familiar –, como se ambos fossem novidades.

“Acreditamos que o que acontece é que coisas positivas estimulam os sistemas de atenção e excitação dos bebês”, explica o neurocientista Ross Flom, um dos autores da pesquisa. “Quando estimulamos esses sistemas, aumentamos a habilidade deles de processar e talvez de se lembrar desses padrões geométricos”, conclui.

Ou seja, só acionam a memória quando momentos felizes acontecem. O resto não importa. Ah, se nós, adultos, ainda dominássemos essa técnica…

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