A Engravida, rede de clínicas de reprodução humana, vai ser a primeira empresa com ações negociadas na BEE4, plataforma de acesso que quer ser a porta de entrada para o mercado de capitais de companhias interessadas em chegar à B3, mas que ainda não têm o porte necessário.
A oferta pública da rede de fertilização (IPO, na sigla em inglês) deve ocorrer em junho e o início do pregão está previsto para o fim do mês que vem.
Inicialmente as negociações da BBE4 acontecerão somente às quartas-feiras, mas à medida que o mercado se desenvolva, devem passar a ser diárias.
A Engravida já fez uma emissão no valor de R$ 10 milhões por meio da beegin, plataforma de ‘equity crowdfunding’, uma espécie de vaquinha de investidores. A beegin é dos mesmos donos da BEE4, o Grupo Solum, e é voltada para companhias com faturamento abaixo de R$ 10 milhões ao ano. A operação atraiu 155 investidores.
A nova emissão, segundo a CEO da BEE4, Patricia Stille, será ‘tokenizada’. Ou seja, transformada em ações que serão negociadas na plataforma. Mais para a frente, uma nova captação deve ocorrer.
Além de plataforma de crowdfunding, a beegin será o primeiro intermediário financeiro autorizado a operar na BEE4, como são as corretoras com a B3.
Assim, o investidor interessado em negociar na plataforma, primeiro precisa se cadastrar na beegin. De acordo com Stille, o objetivo é ter valores iniciais de negociação baixos, para atrair o pequeno investidor.
A BEE4 nasceu dentro do sandbox regulatório da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), espaço criado para estimular a inovação no mercado de capitais do Brasil. A empreitada foi inspirada nos enormes mercados de acesso do Canadá, Londres e Índia.
Foi autorizada pela CVM em setembro e a licença para operar começa a valer em 7 de junho. Por ainda ser algo muito novo no mercado brasileiro, a licença vale por 12 meses, renovada por mais 12 meses. Nesse período é feita uma avaliação da evolução da plataforma e dos negócios, até ocorrer uma licença definitiva.
Pelas regras, a BEE4 pode ter a listagem de até 10 empresas no primeiro ano, com faturamento anual entre R$ 10 milhões e R$ 300 milhões e ao menos um ano de vida. Patricia Stille, ex-sócia da XP, diz que a plataforma é o projeto de vida dela e de uma equipe de mais de 30 pessoas, sendo que vários têm passagens pela B3.
O objetivo de democratizar o acesso ao mercado ajudou na escolha da Engravida para a estreia. A empresa de reprodução humana nasceu em São Paulo, em 2009, a partir de uma experiência dos próprios donos em tentar uma fertilização.
Ao esbarrar em dificuldades e custos muitos altos, não cobertos pelos planos de saúde tradicionais, Fabio Liberman decidiu montar a empresa a partir de conversas com a própria médica que cuidou de sua esposa e dos questionamentos que surgiram dos motivos de os custos serem tão altos.
Hoje a Engravida, com maior escala, cobra R$ 9,9 mil pela fertilização, que pode ser parcelada em 10 vezes sem juros, bem abaixo dos cerca de R$ 40 mil no Chile e dos R$ 20 mil na Argentina, isso para usar exemplos próximos do Brasil.
No ano passado, a rede faturou R$ 13,1 milhões e este ano deve faturar R$ 20 milhões. Os recursos captados na primeira operação foram usados para expandir as clínicas, com abertura de unidades no Rio, em Brasília e agora no Recife. A meta é continuar com o movimento e ter mais três ou quatro unidades no ano que vem, até chegar a todo País.
Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 19/05/22, às 15h19
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Fonte: Estadão